quarta-feira, 29 de setembro de 2010

PROCURA-SE VIVO OU MORTO

PPGICS - Turma 2010
ALUNO: Ester Cristina Machado Ruas
LINHA DE PESQUISA (2)
DISCIPLINA: PORTFOLIO II
COORDENADORAS: INESITA ARAÚJO E CÍCERA SILVA
DATA: 30/09/2010

Na apresentação da aula de Portfólio, no dia 30 de setembro, na Fiocruz, a aluna
Cristina Ruas apresentou o retrato falado do objeto criminoso responsável por cerca
de 200.000 mortes/ano decorrentes do tabagismo (OPAS, 2002). A aluna de mestrado
está oferecendo recompensa para quem encontrar o objeto e os seus parceiros de
nome muito estranho: problema da pesquisa, quadro teórico de referência e hipótese.
Cristina Ruas contou em sala de aula como se aproximou do objeto criminoso e como
ele se tornou uma problemática em sua vida e na vida de todos aqueles que se aproximam
dele.

Desde o começo do meu trabalho como jornalista, atuando na chefia da comunicação
do Instituto Nacional de Câncer, pareceu-me que seria possível dar início a uma política de
comunicação através de uma construção compartilhada de conhecimento. A oportunidade
ocorreu quando o setor de tabagismo convidou as áreas de Psicofisiologia (UFRJ/UFF) e Design
(PUC-Rio) para desenvolveram as novas imagens e frases de advertência, uma experiência
similar de “prática cumulativa de um conjunto de saberes e do saber-fazer acumulado”.
O processo de desenvolvimento e implementação da terceira versão das imagens e
advertências impressas nos maços de cigarro foi desenvolvido através reuniões de consenso
e contrassenso entre este grupo de especialistas e, mais precisamente, por dois campos de
produção e circulação relativamente autônomos, a saúde e a comunicação, tanto do governo
como da academia.
Quem melhor traduz estas relações de conflitos e disputas de campos que estava
acontecendo naquele ano no INCA é o filósofo da Escola Sociológica Francesa Pierre Bourdieu
que define “o poder simbólico como poder de constituir o dado pela enunciação, de fazer ver e
fazer crer, de confirmar ou transformar a visão de mundo”.
A interrelação dos campos tinha como objetivo claro a produção de fotos de
advertências para utilização nos maços de cigarros brasileiros, assim como testar o impacto

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emocional delas entre a população de 15 a 24 anos.
Este será o meu objeto de pesquisa empírica. E, através da observação indireta,
desta história, de dados obtidos originalmente, somado a dados secundários, como o clipping
eletrônico e outros documentos levantados pelo próprio INCA e Ministério da Saúde, tendo
ainda a pesquisa bibliográfica, pretendo construir a minha base de dados.
Neste processo foram levados em conta também fatores externos e adversos, como
momento político, necessidade de focar grupos específicos, de se trabalhar temas relevantes
sobre tabagismo, o nível de aversividade alcançado nas avaliações emocionais, assim como
o cuidado de não veicularmos imagens ou frases que colocassem o Ministério da Saúde em
situação desfavorável.
A linguagem dialógica neste contexto é fundamental, já que o poder de decisão para
a escolha de qual das 10 imagens/frases de advertências dos 15 protótipos confeccionados
iriam ser selecionados para publicação final nos produtos derivados do tabaco estava nas mãos
da Equipe da Divisão de Controle do Tabagismo, da Coordenação de Prevenção e Controle do
Câncer / Instituto Nacional de Câncer. A ANVISA neste momento dificulta o processo decisório
e chama para si o poder de escolha. Impasse, muita mesa de negociação, argumentos dos
especialistas da saúde e da comunicação, enfim um cenário que talvez o método dialético
possa auxiliar neste campo histórico, buscando as relações estruturais do fenômeno no todo
social por meio do princípio da contradição.
Recorrei ao autor Chaim Perelman quando define “a existência de uma pluralidade de
sujeitos racionais e de uma abordagem diferenciada dos problemas que permitiria entrever
uma dialética resultante de um diálogo que confronta opções e as diversas perspectivas”.
Durante todo esse o processo que participei ativamente, a função social era de fazer
conhecer os malefícios do cigarro utilizando signos, símbolos e linguagem comunicacional para
reforçar este enunciado. Ninguém jamais contrapôs, em todo o percurso, que o cigarro não faz
mal a saúde ou argumentou sobre a dualidade dos sentidos de verdade e mentira, das causas
da ambiguidade de opiniões em torno do tabaco. Ali não existiam pensamentos, confusos ou
inconsistentes. Ali não existia polifonia ou diversidade. Ali existia apenas uma crença: “Fumar
faz mal a saúde” e a necessidade de representação deste enunciado.
Aí está o meu problema de pesquisa: Qual o sentido deste enunciado como verdade,
advertindo quanto aos malefícios, se o número de fumantes continua aumentando? Segundo
a OMS, passará do ano 2000 a 2030 de 1,2 bilhões para 1,6 bilhões milhões. Qual a relação de
causa e feito destas frases e imagens advertências?
Fui buscar respostas a estas minhas indagações na fonte acadêmica destes dois
campos de conhecimento comunicação e saúde, no PPGICS/Fiocruz. Matriculei-me no
mestrado para tentar entender qual o sentido deste enunciado. Foram várias as abordagens
dos professores para me explicar as diferentes formas de utilização das expressões linguísticas.
A filosofia, que é a ciência do ser e os seus grandes pensadores, foi uma delas. Desde Platão,
Aristóteles até Spinoza ou as contribuições de Galileu, Kepler, Copérnico e Descarte, estes
mostraram para mim que a função da expressão linguística é fazer conhecer a essência, a
realidade objetiva a qual se refere quem expressa o que tem um sentido, para nos permitir
julgar da verdade ou da falsidade de suas asserções.
Mas foi no pós-modernismo que me aproximei mais da resposta que tanto procurava.
Os pensadores daquela época, como Foucault, Julies Deneuve, Levy Strauss, Pierre Bourdieu, já
consideravam o sentido da expressão linguística como uma construção social, estabelecendo a
troca no nível do cognitivo. É o saber que se transforma em um objeto discursivo.
Seja na Sociologia da linguagem, de Pierre Bourdieu ou na Nova Retórica, de Chaïme
Perelman, o importante é observar que "todo ato de tomar a palavra implica na construção de
uma imagem de si", da qual nenhuma enunciação pode escapar.
Entendi então que o sentido estava na obra humana, na prática social. Mas
como este campo é muito amplo, decidi fazer um recorte e escolher um grupo social.
Como as imagens e advertências impressas nos maços de cigarro, quando lançadas em

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maio de 2008, obtiveram grande repercussão na mídia nacional e internacional, entendi que
o campo dos mídias seria um bom recorte já que eles são uma expressão crítica da sociedade.
Assim, farei uma análise desta amostragem (tabulação e classificação) da mídia impressa,
tendo como pergunta norteadora: Como a mídia constrói os sentidos sobre as novas imagens
de advertências dos maços de cigarros?
Nesse contexto onde interpretamos imagens como textos, geramos imagens a partir
da leitura de textos, lemos peças híbridas e modificamos ambos – texto e imagem – a partir
de sua simultaneidade, a semiologia como estudo dos sistemas de signos não linguísticos no
seio da vida social tem afinidades claras com o campo da interdisciplinaridade e sua vocação
híbrida. Utilizarei os estudos midiáticos do autor Milton José Pinto, como referência de uma
prática do campo da lingüística e da comunicação especializado em analisar construções
ideológicas presentes em um texto, muito utilizada, para analisar conteúdo da mídia e as
ideologias que os engendram, sua origem, emissão e recepção.
Assim, a veiculação híbrida das imagens (texto e imagem) no maço de cigarros como
uma peça semiótica e de retórica e os indícios de sua recepção também híbridos (discursos
produzidos na mídia e pela população em geral) deverá ser abordada nessa minha proposta
de dissertação de mestrado, que contemplará: o referencial teórico, a contribuição do campo
interdisciplinar da comunicação e saúde e a relevância desse tipo de análise da comunicação
para a área de medicina social.
Espero que com essas premissas eu consiga caminhar em direção a minha hipótese:
Como quarto poder, a mídia não disputa a construção dos sentidos com os outros poderes
instituídos, apenas os reproduz como legítimo e crível.

A investigação sobre onde estarão o objeto criminoso e seus parceiros (problema
da pesquisa, quadro teórico de referência e hipótese) dá sinais, enfim, de que eles serão
encontrados em um lugar na corrente do crescimento de minha investigação. Mas se eu
quiser continuar avançando, vou ter que fazer novas buscas por um novo retrato falado: a
interpretação dos dados.

Agradeço a paciência dos meus ouvintes e por entender que este é o melhor espaço de
orientação, já que utiliza de uma produção compartilhada de conhecimento, e sabendo que
a absorção destas palavras não ocorrerá nem aqui e nem de imediato, peço que de passivo,
vocês tomem uma posição crítica e ativa, colocando neste texto que ora ponho em suas mãos,
as opiniões, contribuições, críticas e tudo mais que possa ajudar na busca de respostas.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

HISTÓRICO DA RECOMENDAÇÃO DAS IMAGENS/FRASES DE ADVERTÊNCIAS

Em janeiro de 2007, como chefe da assessoria de comunicação fui convidada a participar de iniciativa do programa de tabagismo do INCA do processo de escolha das novas imagens de advertências em sua terceira versão.
Objetivo:
Produção de fotos e advertências a serem consideradas para utilização nos maços de cigarros brasileiros, assim como testar o impacto emocional delas entre a população de 15 a 24 anos e foi desenvolvido em três Etapas.
Etapa I: Avaliação da reatividade emocional das figuras atualmente veiculadas nos maços de cigarro.
Etapa II e III: Confecção de Protótipos, Testagem, Seleção e Produção Final de novas figuras e elementos gráficos para veiculação nas embalagens dos produtos derivados do tabaco.
Processo:
- De desenvolvimento e implementação das novas imagens e advertências impressas nos maços de cigarro, foi desenvolvido através de uma parceria entre o INCA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária- ANVISA, Universidade Federal do Rio de janeiro – UFRJ, Universidade Federal Fluminense - UFF e Pontifícia Universidade Católica – PUC/Rio de Janeiro.
- De decisão das imagens/frases de advertências para os produtos derivados do tabaco foi realizado pela Equipe da Divisão de Controle do Tabagismo, da Coordenação de Prevenção e Controle do Câncer / Instituto nacional de Câncer.
Temas importantes:

Neste processo levamos em conta fatores como momento político, necessidade de focar grupos específicos, de se trabalhar temas relevantes sobre tabagismo, o nível de aversividade alcançado nas avaliações emocionais, assim como o cuidado de não veicularmos imagens ou frases que colocassem o Ministério da Saúde em situação desfavorável. Vejamos a seguir como se deu este processo.

Tendo em mãos o resultado da avaliação emocional realizada pela Equipe da UFRJ/UFF, através dos Testes de Relato Avaliativo, discutimos num primeiro momento os temas que NÃO poderiam deixar de serem contemplados, como o Tema Tabagismo Passivo, tendo em vista que no momento político atual o Ministro da Saúde pretende implantar ambientes 100% livres da fumaça do tabaco em nosso país.

Impressões:
Visão da área técnica de tabagismo sobre a comunicação: não é apenas operacional e sim estratégica, participação integrada no processo do planejamento.
Reuniões plenárias para discussão e deliberação. Negociação entre os campos acadêmicos (UFRJ/UFF/PUC), área técnica (tabagismo e comunicação INCA). Tempos e sentidos diferentes.
Conquista de consenso entre o Grupo: democracia e liderança da Tânia Cavalcanti (expertise e poder).
Disputas de liderança de instituições INCA - Santini/ANVISA – Agenor (ex Ministro da Saúde). Ausência da ANVISA, tensões e dificuldades de aliança.
Entrada de novos atores para pactuação – UFRJ, UFF, PUC, INCA (direção, tabagismo e comunicação), ANVISA (técnicos e direção), MS (Comunicação e Ministro). Reuniões tensas.
Aliança e força das áreas técnicas tabagismo e comunicação. A comunicação do MS cria agenda de reunião no Ministério com todos os envolvidos para aprovação de 10 imagens do banco criado com 15 imagens. As imagens são aprovadas e apresentadas ao Ministro.
Nova tensão, a indústria entra no processo. O tempo que lei determina de encaminhamento das novas imagens para a indústria.
Duas imagens são vetadas. Ministro não aprova a imagem da impotência. E, uma personagem impede o uso de sua imagem (mãe e filha).
Refazer e imagem da impotência sem tempo de teste.
Aprovação final e encaminhamento. Inexperiência e cuidado nos trâmites legais. Entrada de novo profissional, advogado especializado na área.
Lançamento das novas imagens ocorrido em maio de Maio de 2008, Brasília:
1 – Elaboração pela área técnica de tabagismo de manuais técnicos
2 – Elaboração pela área de comunicação de campanha de divulgação, publicitária e organização do evento. (articulação das campanhas da OMS, estaduais, municipais e Casa Civil).
3 – Elaboração por parte da ANVISA do encaminhamento das imagens para a indústria e cumprimento dos trâmites legais.
Material de pesquisa:
Clipping com a cobertura da mídia impressa
Ação civil pública contra a União e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA - Procuradoria da República de Blumenau;

Ação ordinária, o SINDICATO DA INDÚSTRIA DO FUMO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (SINDITABACO/RS) ajuizou ação ordinária, com pedido de antecipação da tutela, contra a AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA), buscando ordem liminar (a) que assegure às fabricantes de cigarros afiliadas à entidade o direito de não incluir em suas linhas de produção, e de não veicular nas embalagens de seus produtos e materiais publicitários, as imagens e respectivas cláusulas escritas previstas na Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA (RDC) nº 54, de 6 de agosto de 2008; (b) que autorize as indústrias fumageiras a continuar veiculando nas embalagens de cigarros, ao invés das figuras e enunciados contidos na Resolução 54/2008, as imagens divulgadas pela Resolução ANVISA nº 335, de 2003; e, finalmente, (c) que determine à ré que se abstenha de aplicar sanções às empresas substituídas pelo não cumprimento da RDC 54/2008, sob pena de multa de R$ 10.000,00 por auto de infração indevidamente lavrado. Diz que congregam, no Estado do Rio Grande do Sul, diversas indústrias fumageiras, entre elas as duas principais fabricantes de produtos fumígenos no país, Souza Cruz S.A. e Philip Morris Brasil Indústria e Comércio Ltda., e detém legitimidade ativa para aforar a ação com o escopo de defender coletivamente direitos de suas filiadas.

Processo de rito investigatório do CONAR (Conselho de Autoregulamentação Publicitária), ocorrido após campanha veiculada pelo Ministério da Saúde como parte das atividades nacionais do Dia Mundial sem Tabaco 2008, o CONAR, por considerar essa campanha como “denúncia de conduta” em tese punível pela legislação sanitária e infração ao Código Brasileiro de Auto-Regulamentação, e por gerar suspeitas sobre anunciantes do setor fumageiro, empresas produtoras de novelas e filmes e emissoras em geral, iniciou um processo de rito investigatório para o que encaminhou ao Ministério da Saúde solicitação de esclarecimentos. Representação nº 169/08 / Anúncio “Começar a fumar é cair na deles”.

REFERENCIAIS TEÓRICOS

Imagens de advertências sanitárias nos maços de cigarros: uma peça semiótica e de retórica

DISPUTA DOS CAMPOS
Campo da saúde X Campo mercado

Número de mortes pelo tabaco Ganho R$ com tributos (governo)
Gasto com tratamento (SUS) Ganho R$ venda (indústria tabaco)

Referencial teórico - Bourdieu, Pierre (Políticas, estratégias de comunicação em saúde)
Sentido de Campo - o campo possui um papel estratégico – estruturante e estruturador – na construção dos sentidos, dos interesses, dos comportamentos, das expectativas e das estratégias em disputas.

Mercado - é um "mito inteligente". Para Bourdieu "a noção de mercado quase nunca é definida, e menos ainda discutida" (2005, p. 20). Ele define o mercado como "construção social" (2005, p. 40): é o lugar de encontro entre a demanda e a oferta, ambas socialmente construídas. O mercado consistiria na existência de relações e de um jogo relativamente estabilizado, cujas regras deveriam ser provisoriamente respeitadas.

REFLEXO NA TERCEIRA VERSÃO DAS IMAGENS DE ADVERTÊNCIAS IMPRESSAS NOS MAÇOS DE CIGARROS



Imagem do campo da saúde (não fume) X Imagem do mercado (fume)

Referencial teórico - Perelman, Chain (Informação, persuasão e teoria da retórica).

A Nova Retórica é uma corrente filosófica do século XX, por vezes também chamada “Escola de Bruxelas”, que, sob a liderança de seu fundador Chaïm Perelman, contribuiu para renovar o interesse do pensamento contemporâneo pela argumentação, colocando em evidência o papel central da mesma, no tratamento de questões práticas. A retórica, tal qual a concebeu Perelman, seguindo Aristóteles, constitui o método de raciocínio adaptado à solução de questões passíveis de várias respostas verossímeis, dentre as quais é necessário, contudo, resolver e tomar uma decisão. Ela procede através da confrontação de teses opostas visando determinar a melhor solução. O valor das teses que se confrontam pode ser apreciado em função do caráter convincente dos argumentos apresentados em seu apoio. A função essencial da retórica consiste, dentro desta ótica, em descobrir e apresentar os argumentos pertinentes para cada causa. Com este intuito, ela procede ao recenseamento e à classificação sistemática de diferentes categorias de argumentos.
Autor: Benoit Frydman [Centro Perelman de Filosofia do Direito]Tradução do original francês: Andrea Siciliano Revisão técnica: Carlos Estellita-Lins

REFLEXO DESTA DISPUTA NO CAMPO MIDIÁTICO
Análise de mídia impressa sobre o lançamento da terceira versão das imagens de advertência nos maços de cigarros, no primeiro período de 26/03 a 15/08. A abordagem dos jornais teve como eixo norteador a pergunta: Como a mídia constrói os sentidos sobre a aversividade nas imagens de advertência dos maços de cigarros?

Referencial teórico - PINTO, Milton José (Seminários Interdisciplinares de Pesquisa)

Semiologia dos Discursos Sociais, metodologias de análise e articulada aos estudos midiáticos.

Pinto (1999) sistematizou o que chamou de Semiologia dos Discursos Sociais, privilegiando a noção de Discurso, elegendo a ideia de contexto como eixo estruturante das metodologias de análise e articulando-a fortemente aos estudos midiáticos. Essa perspectiva entende “discurso” como o conjunto de textos articulados numa prática discursiva e parte do princípio de que o discurso é ao mesmo tempo processo de comunicação e prática social. As análises
que daí derivam enfocam os processos de produção de sentido como práticas sociais contextualizadas. A Semiologia dos Discursos Sociais sustenta-se em três postulados, enfocaremos o da economia política do significante, que afirma que todo bem simbólico (e aqui incluímos o noticiário) é produzido, circula e é consumido socialmente (PINTO, idem), fazendo assim com que a comunicação possa ser entendida como um processo de produção, circulação e apropriação de bens simbólicos.
Laboratório de Pesquisa em Comunicação e Saúde - Rio de Janeiro -Maio 2010

TÓPICOS
A contribuição do Programa de Tabagismo brasileiro para o desenvolvimento das imagens de advertências nos maços de cigarro em sua terceira versão.
O Programa de Tabagismo contribuiu na maneira pela qual a terceira versão das imagens de advertências nos maços de cigarros se desenvolveu no Brasil.
A decisão de formar um banco público de imagens de advertências sanitárias para os maços de cigarros como resultados da expertise do conhecimento de grupos acadêmicos e de técnicos em saúde pública.
A avaliação da reatividade emocional das figuras atualmente veiculadas nos maços de cigarro causaram aversividade ou atração? Qual a reação à neutralidade?
Os dois lados das figuras e elementos gráficos impressas nas embalagens dos produtos derivados do tabaco são contraditórios: fume e não fume.

PERGUNTAS
Quais são as partes da história sobre o estudo para definir o terceiro grupo de advertências?
Como elas se relacionam entre si? Quem participou do estudo? Como os participantes se relacionaram com o lugar e entre si (grupos acadêmicos e os técnicos em saúde pública e comunicação do governo)?
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Como os políticos usaram a iniciativa (ANVISA, INCA, Ministério da Saúde e Ministro da Saúde, Câmara de Deputados)?
Que papel cada um desempenhou no decorrer do processo (2007/2009)? Quem fez o relato do processo e quem foi a plateia? E de que maneira o processo foi afetado por quem fez o relato?
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Como o estudo se desenvolveu? Qual foi a metodologia empregada? Como métodos diferentes se desenvolveram? Como foi a escolha dos temas? Como seu deu o teste do impacto emocional das imagens entre voluntários de 15 a 24 anos? A avaliação da reatividade emocional alterou o processo de confecção de Protótipos, Testagem, Seleção e Produção Final de novas figuras e elementos gráficos para veiculação nas embalagens dos produtos derivados do tabaco? Como foi esta produção? Quem foi o processo de aprovação e validação do terceiro grupo de advertências (imagem e frases)?
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Quais foram os motivos para a ocorrência das advertências sanitárias? Quem propôs as imagens de advertências? O que mais estava acontecendo no cenário, quando as advertências surgiram?Como se deu a história das imagens de advertências no Brasil? E como foi o seu desenvolvimento no país? As imagens de advertências desenvolveram de formas diferentes em outros países? Que forças fizeram a história mudar?
Qual a imagem mais aversiva? Como as outras imagens diferem dela? Qual é a mais atraente? Existe a imagem mais neutra? De que modo às imagens brasileiras diferem das internacionais?
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O estudo brasileiro para o terceiro grupo de imagens de advertências é muito diferente dos demais? Que outras sociedades tem o mesmo tipo de estudo? Que outros processos assemelham-se a este?
Como foi a avaliação do impacto destas imagens? O estudo foi bem avaliado? Quais os usos que já se fez deles? Contribuíram para a não iniciação dos jovens ao fumo? Levou a algum prejuízo? Qual foi o impacto após a veiculação do terceiro grupo de imagens de advertências?
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Ocorrerão mais de uma versão das novas imagens? Qual a melhor versão?Qual a pior?Haverá um quarto grupos de imagens de advertências?

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Diário de Campo

Olá! Que bom retornar ao ambiente acadêmico. Esse cheiro, essa aura... estava com saudades.
Nestas férias, confesso que venho utilizando o BLOG apenas para arquivo. De qualquer forma é um importante instrumento para organização das ideias, pensamentos, textos .... Mas não fiz novas postagens. Já o Dropbox venho utilizando bem...pelo visto, este deverá ser minha opção de instrumento de apoio ao Portifolio.
Comecei o semestre com algumas surpresas. Tinha como certa a parceria e orientação de Inesita Araújo, mas fiquei apenas com a parceria. Afinal, não podemos ganhar todas. Em conversa telefônica, ela informou que tinha me colocado na vitrine – me senti a própria prostituta nas vitrines de Amsterdan – e, o cliente que se interessou pelo produto foi o Estelita.
Minha primeira conversa com ele ocorreu no dia 24 de agosto e, o primeiro exercício será fazer um diário de campo com as sensações, embates e entraves ocorridos no processo de criação do primeiro banco público de imagens de advertências sanitárias. E, tentar organizar o clipping com a cobertura que a mídia fez do lançamento destas imagens, tendo como base os itens criados no diário de campo.
Penso que o melhor local para que isso ocorra é aqui, na aula de Portifolio, onde posso me expressar diante desta seleta plateia de objetivos comuns.
Daqui por diante o texto não será mais expositivo, preciso compartilhar e construirmos com vocês este Diário. Podemos começar?
QUERIDO DIÁRIO (Será que Anne Frank começou assim?)
Em janeiro de 2007, como chefe da assessoria de comunicação fui convidada a participar de iniciativa do programa de tabagismo do INCA do processo de escolha das novas imagens de advertências em sua terceira versão.
Primeiras impressões:
Objetivo:
Produção de fotos e advertências a serem consideradas para utilização nos maços de cigarros brasileiros, assim como testar o impacto emocional delas entre a população de 15 a 24 anos e foi desenvolvido em 3 Etapas:.
Etapa I: Avaliação da reatividade emocional das figuras atualmente veiculadas nos maços de cigarro.
Etapa II e III: Confecção de Protótipos, Testagem, Seleção e Produção Final de novas figuras e elementos gráficos para veiculação nas embalagens dos produtos derivados do tabaco.


Processo:
- De desenvolvimento e implementação das novas imagens e advertências impressas nos maços de cigarro, foi desenvolvido através de uma parceria entre o INCA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária- ANVISA, Universidade Federal do Rio de janeiro – UFRJ, Universidade Federal Fluminense - UFF e Pontifícia Universidade Católica – PUC/Rio de Janeiro.
- De decisão das imagens/frases de advertências para os produtos derivados do tabaco foi realizado pela Equipe da Divisão de Controle do Tabagismo, da Coordenação de Prevenção e Controle do Câncer / Instituto nacional de Câncer.
Temas importantes:

Neste processo levamos em conta fatores como momento político, necessidade de focar grupos específicos, de se trabalhar temas relevantes sobre tabagismo, o nível de aversividade alcançado nas avaliações emocionais, assim como o cuidado de não veicularmos imagens ou frases que colocassem o Ministério da Saúde em situação desfavorável. Vejamos a seguir como se deu este processo.

Tendo em mãos o resultado da avaliação emocional realizada pela Equipe da UFRJ/UFF, através dos Testes de Relato Avaliativo, discutimos num primeiro momento os temas que NÃO poderiam deixar de serem contemplados, como o Tema Tabagismo Passivo, tendo em vista que no momento político atual o Ministro da Saúde pretende implantar ambientes 100% livres da fumaça do tabaco em nosso país.

Impressões:
Convite - Visão da área técnica de tabagismo sobre a comunicação: não é apenas operacional e sim estratégica;
Reuniões plenárias para discussão e deliberação. Negociação entre os campos acadêmicos (UFRJ/UFF/PUC), área técnica (tabagismo e comunicação INCA). Tempos e sentidos diferentes.
Conquista de consenso entre o Grupo: democracia e liderança da Tânia Cavalcanti ( expertise e poder).
Disputas de liderança de instituições INCA - Santini/ANVISA – Agenor (ex Ministro da Saúde). Ausência da Anvisa, tensões e dificuldades de aliança.
Entrada de novos atores para pactuação – UFRJ, UFF, PUC, INCA (direção, tabagismo e comunicação), ANVISA ( técnicos e direção), MS (Comunicação e Ministro). Reuniões tensas.
Aliança e força das áreas técnicas tabagismo e comunicação. A comunicação do MS cria agenda de reunião no Ministério com todos os envolvidos para aprovação de 10 imagens do banco criado com 15 imagens. As imagens são aprovadas e apresentadas ao Ministro.
Nova tensão, a indústria entra no processo. O tempo que lei determina de encaminhamento das novas imagens para a indústria.
Duas imagens são vetadas. Ministro não aprova a imagem da impotência. E,uma personagem impede o uso de sua imagem ( mãe e filha).
Refazer e imagem da impotência sem tempo de teste.
Aprovação final e encaminhamento. Inexperiência e cuidado nos trâmites legais. Entrada de novo profissional, advogado especializado na área.
Lançamento das novas imagens:
1 – Elaboração pela área de tabagismo de manuais técnicos
2 – Elaboração pela área de comunicação de campanha de divulgação, publicitária e organização do evento. (articulação das campanhas da OMS, estaduais, municipais e Casa Civil)
3 – Elaboração por parte da Anvisa do encaminhamento das imagens para a indústria e cumprimento dos trâmites legais.
Lançamento ocorrido em maio de Maio de 2008, Brasília.
Material de pesquisa:
Clipping com a cobertura da mídia impressa
Ação civil pública contra a União e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA - Procuradoria da República de Blumenau;

Ação ordinária, o SINDICATO DA INDÚSTRIA DO FUMO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (SINDITABACO/RS) ajuizou ação ordinária, com pedido de antecipação da tutela, contra a AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA), buscando ordem liminar (a) que assegure às fabricantes de cigarros afiliadas à entidade o direito de não incluir em suas linhas de produção, e de não veicular nas embalagens de seus produtos e materiais publicitários, as imagens e respectivas cláusulas escritas previstas na Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA (RDC) nº 54, de 6 de agosto de 2008; (b) que autorize as indústrias fumageiras a continuar veiculando nas embalagens de cigarros, ao invés das figuras e enunciados contidos na Resolução 54/2008, as imagens divulgadas pela Resolução ANVISA nº 335, de 2003; e, finalmente, (c) que determine à ré que se abstenha de aplicar sanções às empresas substituídas pelo não-cumprimento da RDC 54/2008, sob pena de multa de R$ 10.000,00 por auto de infração indevidamente lavrado. Diz que congrega, no Estado do Rio Grande do Sul, diversas indústrias fumageiras,entre elas as duas principais fabricantes de produtos fumígenos no país, Souza Cruz S.A. e Philip Morris Brasil Indústria e Comércio Ltda., e detém legitimidade ativa para aforar a ação com o escopo de defender coletivamente direitos de suas filiadas.

Processo de rito investigatório do CONAR (Conselho de Autoregulamentação Publicitária), ocorrido após campanha veiculada pelo Ministério da Saúde como parte das atividades nacionais do Dia Mundial sem Tabaco 2008, o CONAR, por considerar essa campanha como “denúncia de conduta” em tese punível pela legislação sanitária e infração ao Código Brasileiro de Auto –Regulamentação, e por gerar suspeitas sobre anunciantes do setor fumageiro, empresas produtoras de novelas e filmes e emissoras em geral, iniciou um processo de rito investigatório para o que encaminhou ao Ministério da Saúde solicitação de esclarecimentos. Representação nº 169/08 / Anúncio “Começar a fumar é cair na deles”.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Propagandas de Cigarros

Propaganda de cigarro é tema de exposição no Castelo da Fiocruz PDF Imprimir E-mail


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No dia 21 de junho/2010 além da abertura da exposição, será o lançamento de mais uma edição da Revista História, Ciências, Saúde — Manguinhos/RJ

O Castelo da Fiocruz vai ser cenário de dois eventos que alertam sobre os riscos do hábito de fumar. Entre os dias 21 de junho e 24 de julho/2010, a instituição irá abrigar a exposição “Propagandas de cigarro - como a indústria do fumo enganou as pessoas”. Na abertura da mostra, será lançada mais uma edição da revista História, Ciências, Saúde — Manguinhos, intitulada “Câncer no século 20: ciência, saúde e sociedade”.

A abertura da exposição e o lançamento da revista trimestral acontecem às 15h, no terceiro andar do tradicional prédio da instituição, em Manguinhos. A iniciativa é da Casa de Oswaldo Cruz, unidade dedicada à pesquisa, educação, preservação e divulgação da história da saúde brasileira e que abriga o mais expressivo acervo documental da saúde do Brasil.

A exposição “Propagandas de cigarro - como a indústria do fumo enganou as pessoas”, originalmente organizada pelos médicos Robert K. Jackler e Robert N. Proctor (professores da Universidade de Stanford, Estados Unidos), foi trazida ao Brasil com exclusividade pela agência de publicidade NovaS/B. A mostra inclui peças impressas e filmes comerciais das marcas de cigarro veiculados entre as décadas de 1920 e 1950 nos EUA. O material traz mensagens que associam o ato de fumar à emancipação feminina e retrata médicos, dentistas e atletas endossando o uso do tabaco. Os anúncios mostram até bebês e crianças incentivando os pais a fumarem e um Papai Noel fumante.

A NovaS/B tem importante histórico nas ações de combate ao fumo. Neste ano, pela segunda vez, a agência foi escolhida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para criar e desenvolver a campanha global do Dia Mundial Sem Tabaco (31 de Maio). Em 2008, com tema direcionado aos jovens, a campanha atingiu 1,4 bilhão de pessoas em 200 países. Neste ano, o tema escolhido pela OMS foi a “Indústria do Tabaco e o Marketing dirigido às Mulheres”, para o qual a agência criou a campanha “Fumar não é moda, é vício”. As peças também estarão na Fiocruz, em um painel com propagandas voltadas às mulheres.

A iniciativa da Casa de Oswaldo Cruz de apoiar a mostra se articula à perspectiva mais ampla da Fiocruz de fomentar ações e pesquisas relacionadas às doenças crônico-degenerativas, que deverão ser cada vez mais frequentes no país diante da previsão de um progressivo envelhecimento populacional. Nesse cenário, os estudos históricos voltados para as ciências e a saúde, nos quais a exposição se insere, se apresentam como ferramentas importantes para a compreensão da história e dos aspectos contemporâneos do câncer, contribuindo com as ações para o seu controle.

Exposição “Propagandas de Cigarro – Como a Indústria do Fumo Enganou as pessoas”

Lançamento da revista “Câncer no século 20: ciência, saúde e sociedade”

Data: Dia 21/06/2010, às 15h (a exposição segue até o dia 24 de julho/2010)
Visitação: de terça a sexta-feira, das 9 às 16h30. Aos sábados, das 10 às 16h
Local: Castelo da Fiocruz - Avenida Brasil, 4365 – Manguinhos
Site oficial da exposição:
http://tobacco.stanford.edu

CAMPANHA FIQUE ESPERTO







sexta-feira, 28 de maio de 2010

Campanha contra álcool na gravidez provoca controvérsia na Itália

Anúncio em Treviso mostra feto dentro de copo de bebida alcoólica. Iniciativa da autoridade local de saúde foi considerada de mau gosto.

feto
Imagem de campanha publicitária lançada na A cidade italiana de Treviso e que está gerando controvérsia. Ela mostra um feto dentro de um copo de bebida alcoólica. O objetivo é conscientizar sobre o risco de beber álcool durante a gravidez. O texto diz: 'A mãe bebe, o filho bebe'. O anúncio vai ser colocado em ônibus, paineis e banheiros de locais públicos, em uma iniciativa da autoridade local de saúde. Os críticos disseram que a imagem é de mau gosto. (Foto: Reprodução)
Do G1, em São Paulo - 26/05/2010